A soja inicia a terça-feira praticamente estável, após leve queda ontem. O óleo de soja cai de forma mais firme por volta de 1,5% nos contratos futuros.
Hoje teremos o relatório de Oferta e Demanda do USDA, o que causa certa volatilidade no mercado. Porém, para a soja, a expectativa é de poucas alterações, já que historicamente os relatórios de dezembro não são tão impactantes devido à colheita americana e ao plantio brasileiro já estarem consolidados.
A soja passa por um cenário muito complexo nesse momento e deve permanecer assim no curto prazo.
O dólar alto vem diminuindo muito o prêmio da soja brasileira, que no campo comprador já trabalha com prêmios de -7 para abril e -10 para março.
Os prêmios, que podiam se juntar ao dólar e serem uma salvação aos preços da soja em Chicago, estão caindo muito e de forma rápida. Isso vem passando a sustentação dos preços dos grãos e derivados nesse momento apenas para o dólar.
Chicago está extremamente desvalorizado, sem tendência de alta, e os prêmios estão caindo devido à grande oferta que está por vir. Dessa forma, o dólar é o único fator que segura a soja brasileira nesse momento.
Uma soja para a exportação no mês de março de 2025 no Brasil está girando cerca de R$129,00 no porto, o que daria uma saca de soja a R$99,00 no Mato Grosso. Enquanto isso, no Paraná, nas cidades mais próximas ao porto, a saca está próxima dos R$120,00.
Lembrando que esses preços são para março de 2025; os preços atuais da sua região não podem ser usados como parâmetro para o ano que vem. Nesse momento, as esmagadoras estão ofertando preços acima do que para exportação devido à falta de soja para fazer óleo. Porém, assim que começar a colheita, esse fator irá acabar.
Teremos soja disponível, em preços bons, e consequentemente óleo também com preços menores. Então, as esmagadoras não irão precisar praticar ofertas tão bruscas de compras no primeiro semestre.
Uma mudança que pode ocorrer no relatório do USDA hoje é um aumento na produção brasileira. O USDA, que já trabalha de forma altista nas projeções brasileiras, está até abaixo das expectativas de algumas outras consultorias privadas.
A safra brasileira, até o momento, aponta que será muito grande, e o clima vem ajudando muito. Podemos até ver soja começando a ser colhida a partir da segunda semana de janeiro, especialmente no Mato Grosso, se não estiver chovendo por lá.
O que tiramos dessa análise é que, até a primeira semana de janeiro, teremos preços mais fortes da soja no mercado físico, por conta das esmagadoras que dominam as compras nesse momento e pela falta de soja. Mas assim que começar a colheita, não há motivo consistente para a soja se manter nos mesmos níveis.
Então, a indicação para quem ainda tem estoque de soja é realizar a venda até o início da colheita brasileira. Caso contrário, para recuperar os preços, se o cenário se mantiver como está, apenas no segundo semestre de 2025.
Outro importante alerta é sobre os fretes. Devido ao câmbio alto e à grande safra que possivelmente virá, o aumento de esmagamento e outros fatores trazem um cenário de fortes chances de dificuldades logísticas no Brasil, e assim fretes bem mais altos para o escoamento da safra de 2025.