DÓLAR
O dólar se destacou mais um dia, fechando perto dos R$5,80. Os motivos ainda são os mesmos: valorização da moeda americana por conta da proximidade de Trump ganhar, e ontem o mercado seguiu ainda mais preocupado e ansioso pelas medidas de Fernando Haddad para corte de gastos públicos e, assim, cumprir o arcabouço fiscal. Na quarta-feira à noite, após uma reunião com a execução orçamentária, Haddad disse que não houve nada, o que trouxe essa pressão para a quinta-feira no câmbio. O governo parece não se preocupar com o corte de gastos nem com o valor em que o câmbio pode chegar.
Para os grãos, o dólar alto é positivo por um lado, já que os preços internacionais sobem. Porém, como toda a logística e fertilizantes também são negociados em dólar, os custos sobem dia após dia, então é um ponto de atenção, principalmente para quem ainda não comprou fertilizantes para o milho safrinha.
---
SOJA
A soja subiu mais um dia devido ao mercado de óleo novamente. A tensão sobre os óleos em geral vem dominando Chicago. Bunge e Cargill estão quase paralisando suas compras de soja e de óleo americano até o resultado das eleições para saber qual rumo tomará os biocombustíveis americanos.
Por lá, temos duas situações que podem acontecer: uma que pode afundar o óleo de soja e a soja na bolsa, e outra que pode fazer a soja subir e o óleo também. Por isso, a volatilidade na semana.
A primeira situação, que seria ruim para a soja, envolve uma nova lei de produção de combustíveis renováveis americanos, que visa pagar créditos para as produtoras de biocombustíveis de acordo com a emissão de carbono. Nessa conta de emissão de carbono, o óleo de soja virgem emite mais carbono na produção do combustível do que o óleo de cozinha usado, que vem sendo importado da China. Ou seja, com essa nova lei, pode ser mais vantajoso produzir combustível renovável nos Estados Unidos a partir de UCO (óleo de cozinha usado) de origem chinesa do que com o óleo de soja virgem produzido de soja americana.
Por outro lado, o lado positivo que pode fazer o óleo e a soja subirem é que a Frente Parlamentar Agrícola americana entrou com uma emenda para que seja contada a emissão de carbono do óleo usado chinês desde a coleta dele na China até chegar nos Estados Unidos. Além disso, entraram com outra emenda que limitaria os créditos apenas para combustíveis feitos a partir de matéria-prima americana.
Ou seja, se contar a emissão de carbono do óleo de soja usado que vem da China até os Estados Unidos, ele emite mais carbono que o óleo de soja virgem americano. Como a lei quer que o pagamento dos créditos seja feito de acordo com a emissão de carbono, se a emenda for aprovada, o óleo de soja americano se torna mais vantajoso.
A situação real é que há essas duas possibilidades: ou o óleo sobe e leva a soja junto, ou o óleo cai e leva a soja junto. Porém, só teremos a resposta disso após o novo presidente americano ser eleito, já que Trump e Kamala Harris têm visões opostas.
Até a eleição, o óleo sofrerá volatilidade, irá subir e cair puxado por petróleo e incertezas. Vale lembrar que, nesse momento, já é utilizado mais óleo de cozinha usado da China do que óleo americano para a produção de combustível por lá. A importação de óleo chinês usado mais que dobra anualmente, o que leva o óleo de soja para baixo.
Dessa forma, o óleo e o clima brasileiro seguirão dando as cartas nos preços da soja nos próximos dias. Possivelmente, veremos volatilidade, dias de altas e dias de baixas.
---
MILHO
Após o milho bater máximas nos contratos nesta semana, ontem o dia foi estável nas cotações mesmo com o dólar forte. O milho segue avançando na bolsa e no mercado interno, mas um ponto importante é que o milho disponível vem sendo muito mais negociado que o safrinha de 2025.
As vendas do milho safrinha de 2025 não chegaram a 20%, o que pode ser por dois fatores: o primeiro é produtores aguardando preços melhores devido ao atraso no plantio da soja, que deve impactar a janela do safrinha. O segundo fator é o medo dos produtores de venderem o milho futuro e perderem a janela de plantio do safrinha do ano que vem.
Então, o atraso na comercialização é devido à esperança de preços mais altos e, por outro lado, ao receio de uma produção complicada.