A soja encerrou a segunda-feira com leve alta, subindo apenas 6 centavos na Bolsa de Chicago.
Apesar de um início de dia positivo, os preços perderam força, fechando próximos da estabilidade. Nesta terça-feira, o mercado reabriu em queda acentuada de 1% no contrato de vencimento mais curto.
Desde a última sexta-feira, quando a soja caiu 2%, o mercado tem apresentado alta volatilidade, alternando entre perdas e ganhos diários. Essa oscilação está diretamente relacionada ao clima, que é o principal fator impactando as cotações atualmente.
O tempo seco e a falta de chuvas já são realidade no Rio Grande do Sul, no oeste do Paraná, onde a colheita da soja precoce está prestes a começar, e no oeste de Santa Catarina. A situação mais crítica, no entanto, é na Argentina, que já plantou cerca de 94% de sua área, mas enfrenta altas temperaturas e ausência de chuvas, o que pode reduzir a produtividade.
Por outro lado, o excesso de chuvas em regiões como Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais está trazendo desafios. No Mato Grosso, maior produtor brasileiro, as precipitações intensas podem atrasar a colheita, dificultando a entrada da nova safra no mercado.
Mesmo com essas adversidades, o impacto das perdas climáticas no Brasil e na Argentina é considerado limitado frente à safra recorde prevista de 170 milhões de toneladas no Brasil. A expectativa é que, mesmo com perdas combinadas de até 5 milhões de toneladas, a oferta global permaneça elevada, suficiente para atender à demanda.
É importante destacar que, no curto prazo, o mercado da soja não tem fundamentos consistentes para uma alta expressiva, exceto pelas influências climáticas, que trazem apenas volatilidade. Para os produtores, essa volatilidade pode ser uma oportunidade de comercializar parte da safra, mas exige atenção ao momento ideal de venda.
Em 2025, a demanda da China tem sido menos relevante como fator de mercado, já que o país está bem abastecido. Com a produção robusta de Brasil, Argentina, Paraguai e Estados Unidos, a oferta global supera a demanda, limitando o espaço para grandes valorizações.
Milho:
O milho registrou forte valorização na B3, com o contrato de março subindo R$1,17. Essa alta é reflexo das preocupações com o milho safrinha, que pode ter sua janela de plantio comprometida devido às intensas chuvas em algumas regiões, principalmente no Centro-Oeste, grande produtor do grão.
Além disso, o mercado está atento ao uso doméstico do milho. Em 2024, mesmo com uma redução de quase 30% nas exportações em relação a 2023, os preços se mantiveram firmes no segundo semestre, impulsionados pela demanda interna. As usinas de etanol desempenharam papel crucial, consumindo cerca de 26 milhões de toneladas de milho, com previsão de aumento para 32 milhões de toneladas em 2025.
O setor de rações também tem contribuído, impulsionado por margens favoráveis no setor de carnes. Essa dinâmica reforça a importância do mercado interno, que costuma pagar preços mais altos para competir com os exportadores.
Com uma nova rodada de compras das usinas de etanol prevista para breve, o milho deve manter preços firmes, podendo até registrar uma leve alta. Cerca de 20% do milho safrinha já foi comercializado, frente a 13% no mesmo período do ano passado, indicando um mercado mais ativo e organizado.